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Aqui, mamães muito diferentes mas com um único objetivo compartilham suas experiências nesta grande aventura que é a maternidade! Nós queremos, acima de tudo, ser mamães sábias, que edificam seus lares e vivem com toda plenitude o privilégio de sermos mães! Usamos muitos dos princípios ensinados pelo Nana Nenê - Gary Ezzo, assim como outros livros. Nosso objetivo é compartilhar o que aprendemos a fim de facilitar a vida das mamães! Fomos realmente abençoadas com livros (e cursos) e queremos passar isso para frente!


"Com sabedoria se constroi a casa, e com discernimento se consolida.
Pelo conhecimento os seus cômodos se enchem do que é precioso e agradável"
Prov. 24:4,5

domingo, 15 de dezembro de 2013

Uma mulher e três experiências: uma cesariana, um parto normal hospitalar e um parto domiciliar - PARTE 2

(Este post é continuação do de ontem. Para lê-lo clique aqui!).

Relato do Parto da Giulia

O positivo
A Giulia veio inesperadamente. Parei com o anticoncepcional por causa das dores pós-parto do Lorenzo. A solução da médica para acabar com meu problema era aumentar os níveis de estrogênio. Ou eu parava a pílula e via se meu organismo reagia sozinho ou eu tomava uma pílula tradicional e corria o risco com a amamentação. Como eu já tinha tentado de tudo para acabar com o problema, resolvi tentar parar com o anticoncepcional já que correr risco com a amamentação estava fora de cogitação.

Em outubro, já tinha passado da data da minha menstruação vir e resolvi fazer um teste. Negativo. Passou mais uma semana e nada da minha menstruação, fiz outro teste e a segunda linha apareceu bem fraquinha. Comprei um terceiro teste, mais confiável, e repeti dois dias depois. A lista estava lá, bem nítida. Eu estava grávida, de novo... Feliz por um lado, mas em pânico por outro.

A gravidez
Eu liguei em todas as clínicas da minha cidade e não consegui nenhuma vaga para fazer pré-natal. Grávida de umas 6 ou 7 semanas e ninguém tinha vaga?? Começou meu desespero. Também liguei nas duas casas de parto possíveis e me inscrevi na fila de espera sem nenhuma esperança. Em uma última tentativa consegui um médico para o início de dezembro. O problema é que eu verifiquei as referências sobre o tal médico na internet e era terrível. Ele tinha usado fórceps e deixado um bebê com sequelas. Decidi que não iria nele de jeito nenhum. Era melhor encarar uma gravidez sem pré-natal.

Decidi então que iria parir em casa com uma parteira tradicional. O problema é que eu precisava de um médico de qualquer maneira. Como ela não era “legal”, não tinha como solicitar exames e em uma emergência, era melhor ter um prontuário aberto em algum hospital. Consegui uma médica na cidade vizinha por indicação de uma conhecida. Ela me sugeriu outra cesárea logo de cara e eu disse que gostaria de tentar de novo. Ela disse que me ajudaria. Sai de lá confiante. Pelo menos, se eu precisasse de médico, ela parecia ser uma opção razoável.

Novas consultas e novas emoções. Meu exame de urina acusou presença de strepto B. A médica, muito calma, disse que eu tomaria antibiótico durante o TP e pronto. E como eu faria com o antibiótico em um PD? Além disso, ela me disse que provavelmente começaríamos uma indução às 37 semanas para evitar que o bebê nascesse muito grande. Começou meu desespero de novo. Somado a tudo isso, horas de espera por uma consulta de 5 minutos.

Com 20 semanas eu decidi que não iria mais para as consultas. O prontuário já estava aberto e eu decidi que ir ao médico era tortura desnecessária. Toda vez que eu tinha consulta eu me sentia mal antes, durante e depois. Na mesma semana que eu tomei este decisão, a casa de parto me ligou e tinham uma vaga para mim!

O pré-natal na casa de parto foi excelente. Consultas de 1h, muito carinho, tiravam todas as minhas dúvidas, me davam informações e nada foi imposto. Todos os procedimentos foram discutidos comigo e cabia a mim decidir se eu queria ou não (inclusive o antibiótico para o strepto B). E eu poderia parir em casa se eu quisesse! Tirando a questão do strepto que me atormentou a gravidez toda, a partir deste momento eu me senti em paz.

Eu não vi a gravidez passar até que comecei a sentir contrações demais (por volta de umas 32 semanas) e a parteira me pediu para “repousar” o máximo que eu conseguisse para não nascer prematuro, se não, eu teria de ir para o hospital.

O parto
De domingo para segunda-feira (17/06 – com quase 38 semanas), os meninos quiseram dormir com a gente. Por volta das 6h da manhã, Lorenzo acordou querendo mamar. Eu estava amamentando-o quando veio uma contração e eu senti um pouco de líquido escorrer. Levantei-me e vi que realmente tinha vazado líquido, além do tampão também ter saído.

Arrumei os meninos para a escola, avisei minha amiga e ela veio ficar comigo. Saímos para a casa de parto já era quase hora do almoço e nada de contrações ou pelo menos nada diferente do que eu já vinha sentindo. O mais estranho é que o líquido parou de vazar. A parteira me examinou, fez dois testes e disse que provavelmente não era líquido, só lubrificação comum do final da gravidez.
Voltei para casa, o marido foi para o trabalho de bicicleta e eu fiquei de buscar as crianças. Passamos uma tarde agradável. Eu fiquei na bola, forramos a cama e resolvi deixar as roupas dos meninos separadas para uma emergência. Minha amiga ainda ficou tirando um barato do meu alarme falso. No final da tarde, eu comecei a sentir as contrações mais fortes, mas ainda sem ritmo e não me preocupei. Fui ao supermercado, preparei as coisas para a minha reunião e busquei os meninos na escola. Eu estava meio indisposta, mas atribui ao cansaço já que tinha dormido mal. Falei com a minha mãe no skype e ela me perguntou o que estava acontecendo porque minha cara estava estranha. Eu disse que não era nada, só cansaço mesmo e como estava calor, eu estava um pouco indisposta. Engraçado como eu não percebi que as contrações tinham mudado e minha mãe, do outro lado do mundo, era capaz de perceber que algo estava diferente. Eu cheguei a me esconder na cozinha em uma das contrações para minha mãe não me ver!

Fui para a reunião por volta das 19h e comecei a cronometrar as contrações. Elas duravam no mínimo uns 45 segundos e vinham a cada 15 minutos. Tentei me distrair o máximo que eu pude, mas eu simplesmente não conseguia disfarçar, nem me mexer na hora da contração. Mandei uma mensagem para meu marido perguntando se não era melhor eu ligar pra parteira de novo, mas ele achou que ainda não precisava, que era cedo. Por volta das 22h, esperei passar uma contração, peguei o carro e vim pra casa. Deu tempo certinho de eu estacionar e veio outra.

Chegando em casa, pedi para o meu marido colocar as crianças para dormir e ele acabou dormindo também. Fui para o banho com a bola. Enquanto eu tomava banho eu quis desistir. Fiquei pensando onde eu estava com a cabeça quando resolvi ter esse bebê. Eu devia ter decidido por outra cesárea porque passar 3 dias com estas dores e ainda aguentar o TP (trabalho de parto) todo não ia ser moleza (eu estava me baseando no TP do Lorenzo). O bom é que esse desânimo passou rápido. Conversei com meu bebê e disse que se ele quisesse vir, eu estava esperando e pronto, que a gente ia conseguir. Por incrível que pareça saí do chuveiro mais calma. Era um pouco antes das 23h. Tentei acordar meu marido, mas ele disse que ia descansar porque eu podia precisar dele no outro dia e ele estava muito cansado.

Fiquei na sala sozinha com minha bola e eu tentava arrumar uma posição cada vez que vinha a contração, mas todas as posições eram péssimas e eu comecei a sentir muito sono. Deitei no sofá e tentei dormir. Eu dormia exatos 10 minutos e lá vinha a contração. Eu tinha que levantar porque deitada era tortura demais. Fiquei assim um pouco mais de uma hora quando comecei a sentir frio também. Vesti meu pijama e minhas meias de inverno porque me deu até tremedeira e fui deitar na minha cama. Eu tive umas duas ou três contrações na cama com um intervalo de uns 7-8 minutos. De repente, outra contração e eu resolvi ficar de quatro. A bolsa estourou, mas estourou mesmo. Fez barulho e saiu muita água. Molhou a cama, o chão, tudo. Meu marido me ajudou a ir para o chuveiro e do banheiro mesmo ligamos para a parteira e para a doula. Era um pouco mais de 12h30.

Elas falaram que já estavam vindo, mas eu já não conseguia nem falar nesta hora. As contrações vinham a cada 2 minutos e duravam mais de 1 minuto cada. Mal dava tempo de eu respirar entre elas. A casa estava uma zona. Imaginem que meu marido tinha ficado sozinho com as crianças por 3h. Tinha brinquedo espalhado por tudo, a pia cheia de louça, um caos. Ele me deixou no banheiro e foi arrumar um pouco a bagunça. Ah, e ainda pediu pra eu passar uma água nas minhas roupas pra tirar a meleca...

Eu fiquei no chuveiro com a bola até a primeira parteira chegar. Ela tentou ouvir o coração do bebê umas 3x entre as contrações, mas não conseguiu e pediu pra eu sair só um pouco para ela ouvi-lo e eu poderia voltar. Eu nem sei como cheguei até a minha cama. Ela ouviu o coração e perguntou se poderia me examinar. Eu deixei morrendo de medo de não estar dilatada com toda aquela dor (traumas do Lorenzo ainda), mas eu estava com 9 cm!

Eu fiquei tão feliz, pelo menos faltava pouco e eu não ia ficar com aquela dor 3 dias como eu estava imaginando. Logo em seguida a outra parteira e a doula chegaram e eu já comecei a sentir os puxos. Foi muito rápido. Eu não tive nem coragem de mexer e fiquei deitada de lado na cama, do jeito que eu estava. Veio aquela vontade de fazer força e eu me segurei. Eu confesso que fiquei morrendo de medo de rasgar tudo de novo. A doula me deu a mão e me lembrou que eu não precisava ter medo, que se eu quisesse podia colocar a mão pra ajudar, assim, eu sentiria o bebê nascendo. Foi ótimo, me deu o maior ânimo colocar a mão e sentir o bebê coroando. A contração veio e eu não fiz muita força, fiz força o suficiente só para a cabeça não voltar pra dentro. Senti queimar e depois a cabecinha saindo. Me deu um alívio tão grande! Ninguém puxou minha bebê e nem me apressou para ela terminar de sair. A parteira viu se não tinha circular de cordão e esperou. Quando a contração veio de novo, eu empurrei o corpinho e senti ela saindo inteirinha. Peguei ela e a abracei. Tão linda! Toda cheia de vernix e sem sangue!!!!

Ninguém viu o sexo. Puseram um paninho sobre ela para aquecer e fui eu que vi que era uma menina! Peguei no cordão também, senti ele pulsar, a textura. O marido que cortou o cordão e decidimos guardar a placenta para plantarmos mais pra frente.

A primeira parteira chegou em casa por volta da 1h30 e a Giulia nasceu à 1h48 da manhã do dia 18/06/2013, com 51cm e 3125g. Ela não sofreu nenhuma intervenção. Não teve colírio, vitamina K, antibiótico, nada. Nasceu na hora e da maneira que ela quis e eu não tive nenhuma laceração (oba!).

Realmente cada parto e cada bebê é único. Foi tudo muito diferente do que eu imaginei e não podia ser mais perfeito. Foi um caminho longo, onde pude contar com pessoas especiais (obrigada!!!) e que curou muitas das minhas feridas. Espero que a minha história sirva de inspiração para outras mulheres e que elas se sintam realizadas assim como eu!

Nascimento do Pietro - Cesariana eletiva no Brasil.

Nascimento do Lorenzo - Parto normal hospitalar no Canadá.

Nascimento da Giulia - Parto natural domiciliar no Canadá.

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