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Aqui, mamães muito diferentes mas com um único objetivo compartilham suas experiências nesta grande aventura que é a maternidade! Nós queremos, acima de tudo, ser mamães sábias, que edificam seus lares e vivem com toda plenitude o privilégio de sermos mães! Usamos muitos dos princípios ensinados pelo Nana Nenê - Gary Ezzo, assim como outros livros. Nosso objetivo é compartilhar o que aprendemos a fim de facilitar a vida das mamães! Fomos realmente abençoadas com livros (e cursos) e queremos passar isso para frente!


"Com sabedoria se constroi a casa, e com discernimento se consolida.
Pelo conhecimento os seus cômodos se enchem do que é precioso e agradável"
Prov. 24:4,5

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Parto no Brasil: a caminho da humanização - parte 3

Preparadas para 3a parte do vídeo sobre essa série? Espero que estejam curtindo tanto quanto eu!

Quem não assistiu às últimas duas, por favor, clique abaixo para acompanhar todo o conteúdo.

Parto no Brasil: a caminho da humanização - parte 1
Parto no Brasil: a caminho da humanização - parte 2

O vídeo de hoje começa com o parto de uma parturiente que pariu uma bebê de mais de 4kg, sem anestesia, sem episiotomia e sem lacerações - uau, uau, uau! Já pensou?

Mas antes de prosseguir com o assunto novo, queria novamente fazer alguns comentários sobre o que eu aprendi (ou relembrei) na parte dois e fazer a relação com as minhas experiências de parto!

1 - Não sabia que era possível a mãe amamentar o bebê durante a cesária! E nem que era possível abaixar os campos (aqueles panos esterilizados que colocam sobre a paciente) para que ela assista ao nascimento. Eu nunca fiz cesária, mas de repente você fez e pode nos contar se foi ou não uma cesária humanizada?

2 - Ficar muitas horas no hospital prejudica o equilíbrio do trabalho de parto por causa do estresse do ambiente hospital. Sim, é verdade! No parto da Nicole, fui internada com 4 cm de dilatação e contrações fortes (porém toleráveis). Em 3 horas e meia já estava com minha filha nos braços, foi vapt-vupt!! Já no parto da Alícia, fui internada contra a minha vontade depois de já ter passado praticamente 5 horas no "pronto atendimento" do hospital fazendo e aguardando o resultado de uma bateria de exames. Eu estava com pouco mais de 2 cm de dilatação, com intervalo irregular entre as contrações e pouca dor. Era quase meia-noite e eu estava exausta. Àquela hora o que eu mais queria era tomar um banho quente, comer alguma coisa e dormir. Só isso! Mas como não estavam conseguindo contato com a minha médica para saber a opinião dela, optaram por dar entrada na minha internação. O resultado foi exatamente o que a doutora explicou no vídeo: o trabalho de parto não evoluiu satisfatoriamente (leia o relato completo aqui).

3 - Tricotomia não é necessária e pode ser prejudicial?! A informação é totalmente nova para mim e, se eu tivesse lido sobre isso antes, com certeza estaria na minha "lista de perguntas" a fazer no dia da visita à maternidade. Eu teria dado um jeito de evitar esse procedimento desnecessário. A tal da enteróclise, graças a Deus, não fizeram comigo em nenhum dos partos. Mas já ouvi falar que é um procedimento muito constrangedor, sim.

4 - Agora, e os esclarecimentos sobre a episiotomia, mulherada? Mutilação genital feminina sem evidências sólidas de que realmente facilite o momento expulsivo ou alivie a compressão exagerada da cabeça fetal?! Não sei vocês, mas eu fiquei de queixo caído. A minha médica tinha explicado que a episiotomia era um procedimento padrão e eu nem questionei. Afinal, se ela estava dizendo que esse corte era necessário para ampliar o períneo na hora do parto, quem era eu para falar que não? Totalmente leiga, eu nem tinha o que argumentar! No parto da Nicole, após completar a dilatação, me deram a anestesia, estouraram a bolsa e ela fez o corte e depois costurou. Na hora da sutura eu senti dor e ela teve de me dar uma anestesia local. No da Alícia não. Ela bem que tentou fazer o corte, mas eu estava descompensada (muita dor e cansaço) e não deu tempo. Então ela só realizou a sutura depois do nascimento porque houve laceração, mas será que era realmente necessário ou era somente mais um inquestionável procedimento padrão? Pode ser que a laceração tenha sido causada pela "força comprida", ou "força de cocô"? Não sei. O que sei é que, embora eu não tenha tomado anestesia nesse parto, eu não senti dor nenhuma da laceração natural, somente das abomináveis (!!!) contrações depois de ficar horas recebendo ocitocina na veia!!

5 - Amei o conceito de ter como meta períneo íntegro por meio de estratégias não farmacológicas de relaxamento: caminhada, respiração, banho quente, "open glottis" e nada de "força grande" - haha, essa era a frase que a doutora auxiliar repetia o tempo todo para mim durante o parto!! As explicações sobre o porquê de relaxar o períneo e não contrai-lo fazem muito sentido pra mim. Hoje se estivesse grávida, iria com certeza fazer uma listinha com todos esses pontos pra discuti-los com a médica durante o pré-natal.

Bem, vou parar de falar agora e deixar vocês verem a próxima parte do vídeo!


Parte 3 - 7:28 min

Marijéssica - 19 anos de idade
Gestante de 42 semanas e 3 dias

Sobre a Marijéssica:
A Marijéssica teve uma evolução muito boa. Era o primeiro bebê, mas ela tinha um astral, uma capacidade de lidar com a dor e tolerar situações bem importante. A gente investiu basicamente em exercícios para relaxar e no suporte contínuo - conversa, papo, explicando tudo. Ela adorou a possibilidade de participar do projeto e ela evoluiu tranquilamente para um parto normal na banqueta de parto.
Ela pariu muito bem. Apenas a cabeça era bem grandinha, o que já fez a gente suspeitar de macrossomia (=peso superior a 4kg) e houve uma certa demora do desprendimento do ombro. E nesse caso foi necessário uma pequena manobra para o desprendimento dos ombros, o que pode ser explicado pelo fato de que era um bebê macrossômico (=bebê grande).
Nasceu a bebê com 4,320 kg, ótima, berrando. Foi diretamente para o peito da mãe. Ficou lá sendo aquecida e secada em contato com a sua mãe. E, surpreendemente, não houve nenhuma laceração. Todo esse trabalho de relaxamento deu super certo porque ela pariu uma grande bebê, sem episiotomia e sem nenhuma laceração. 

Dez Passos para a Atenção Humanizada ao Parto

A Organização Mundial de Saúde em 1996 publicou o seu primeiro manual de recomendações para assistência ao parto. E essas recomendações foram organizadas pelo Ministério da Saúde no Brasil e sumareadas nos 10 passos para atenção humanizada ao parto.

O primeiro passo é permitir e respeitar o desejo da mulher de ter um acompanhante durante todo o trabalho de parto e o parto. As mulheres ficam mais seguras, mais tranquilas. Diminui a necessidade de analgesia. Diminui a incidência à taxa de cesariana e aumenta a chance de a mulher se sentir satisfeita com a experiência do parto.


O segundo passo é monitorar o bem-estar físico e emocional da mulher durante o trabalho de parto e o parto, verificar pressão, ficar monitorizando os sinais vitais, ver se ela está hidratada, se ela está indo ao banheiro. Monitorizar todo o equilíbrio, toda a homeostase feminina. E neste sentido também a gente deveria fazer a monitorização fetal. O que é essa monitorização fetal? Nada de métodos extremamente sofisticados, como a cardiotocografía. A simples ausculta fetal intermitente, isto é, a intervalos com o esthetoscópio de Pinard ou, preferentemente, com o sonar Doppler é suficiente. 


A recomendação da OMS é de que as mulheres de baixa risco devem ser auscultadas a cada 30 min durante o trabalho de parto e a cada 15 min durante o período expulsivo. E a gente deve, preferentemente, auscultar com a mulher em posição não supina. A ausculta com a mulher deitada pode ter falso positivo. Quando a mulher se deita há uma compressão aortocava importante dos grandes vasos, diminuindo o retorno venoso, diminuindo o débito cardíaco, diminuindo o fluxo útero-placentário, pertubando a oxigenação fetal e favorecendo as desacelerações da frequência cardíaca fetal. A ausculta é a nossa chave de segurança sobre o bem-estar fetal. 


O terceiro passo seria oferecer à mulher o máximo de informações e expilcações de acordo com a sua demanda. A relação da equipe com a mulher durante o trabalho de parto deve ser de respeito à autonomia e sempre informar tudo o que está acontecendo. É impressionante como a gente vê muitos profissionais chegando para fazer um toque sem nem avisar que vai fazer um toque, porque vai fazer. Todo e qualquer procedimento que seja necessário a gente deve discutir, explicar à mulher, apresentar o local onde ela vai ter o parto, permitir a liberdade de escolha.


Esse terceiro passo é importantíssimo e vem coincidir também com o quarto passo é que respeitar o direito da mulher à privacidade no local de nascimento. É a questão de você evitar um estímulo muito acentuado do neocortex nessa hora. A gente deveria permitir que a mulher se aninhe num ambiente com pouca gente, com privacidade.


5º Garantir a liberdade de caminhar

6º Oferecer métodos não farmacológicos de alívio da dor

Esses métodos não farmacológicos incluem desde a presença da acompanhante, da doula, à várias estratégias, da musicoterapia, aromaterapia, imersão em água quente. O próprio banho, sem necessariamente ser imersão, massagens, o uso de eletroestimulação transcutânea, o uso da bola suíça. A liberdade de caminhar, de se mover, durante o trabalho de parto por si só já é um método bem eficiente de alívio da dor do parto. Os benefícios da posição vertical também foram bem demonstrados... aliás, não só as posições verticais, mas a posição não supina: posição lateral, posição vertical, posição de quatro apoios. Todas essas posições não supina cursam com o período expulsivo mais rápido, com uma facilidade maior de desprendimento, com menor necessidade de intervenção por padrões anômalos de ausculta fetal. E ainda, geralmente, a mulher se sente mais no controle do processo.


Para quem é leigo no assunto, essa professora doutora sabe explicar com muita simplicidade e passa segurança de que realmente sabe o que diz. Me senti assistindo à uma aula de um curso de medicina, vocês também, rs? Bem, aguardem a última parte do vídeo no post de amanhã!

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