Bem-vinda!!

Bem-vinda ao nosso blog!
Aqui, mamães muito diferentes mas com um único objetivo compartilham suas experiências nesta grande aventura que é a maternidade! Nós queremos, acima de tudo, ser mamães sábias, que edificam seus lares e vivem com toda plenitude o privilégio de sermos mães! Usamos muitos dos princípios ensinados pelo Nana Nenê - Gary Ezzo, assim como outros livros. Nosso objetivo é compartilhar o que aprendemos a fim de facilitar a vida das mamães! Fomos realmente abençoadas com livros (e cursos) e queremos passar isso para frente!


"Com sabedoria se constroi a casa, e com discernimento se consolida.
Pelo conhecimento os seus cômodos se enchem do que é precioso e agradável"
Prov. 24:4,5

terça-feira, 12 de julho de 2011

Criança Doente

Até um ano e dois meses de idade minha filha não ficou doente. Não ficou MESMO. Teve uma única vez roséola e a febre durou dois dias, sem derrubá-la. Nem o apetite atrapalhou! Então, nos mudamos para Sorocaba e ela passou a ir para a escolinha.

Tudo mudou.
Em quatro meses, foram inúmeras consultas ao pediatra e pronto socorros, quatro antibióticos diferentes, anti-inflamatórios e um termômetro quebrado.
Eu sempre ouvi falar que criança que vai ao berçário fica mais doente e vulnerável, mas nada me preparou para o que aconteceu. Tinha acabado de me mudar para uma cidade estranha e meu marido, que sempre me ajudou com tudo, passou a sair as 5:00h da manhã e chegar depois das 19:00h. Toda semana eu tinha que faltar pelo menos um dia e, nos dias que comparecia, ficava com o coração na mão, sem saber se ela estava bem.
Para falar a verdade, fiquei muito assustada. Tive medo de que a fase não iria passar nunca! A impressão era de que o pesadelo não teria fim e que só minha filha tomava tanto antibiótico seguidamente. Melhorava, piorava, melhorava, piorava...
Os palpites atrapalharam mais do que ajudaram. Uns ficavam na minha cabeça dizendo que tinham um pediatra fantástico que resolveria todos os problemas. Outros já diziam para eu não me preocupar com nada, porque isso só aconteceria até os dois anos. Infelizmente, não se esqueciam de acrescentar que antibióticos deixam os dentes da criança bem mais frágeis, além de produzirem outros efeitos colaterais.
No auge do meu desespero eu clamei a Deus implorando que fizesse um milagre e que a Gi ficasse boa de uma vez por todas imediatamente. Ela não ficou, e depois de melhorar um pouco voltou a ficar resfriada.
Um dia, não sei nem dizer o porquê, uma vez que nada de especial aconteceu, tive um “click”. Como deve ser difícil para uma mãe lidar com um filho muito doente! De alguma forma, Deus dá força às mães e quando olhamos para traz, a dificuldade passou...mal nos lembramos dos detalhes.
E foi então que me acalmei. Percebi que aquilo que parecia “insuportável” já ocorria há quatro meses e eu me mantinha firme, alegre e serena. Deus fez o milagre desde o começo...só não foi do jeito que eu tinha pedido.
Quando o desespero passou e pude me acalmar, finalmente notei que a situação da Gigi é MUITO comum entre crianças. Só na igreja umas três ou quatro mães me disseram que a história delas é a mesma. No trabalho, mais duas. E todas disseram a mesma coisa: um dia passa e a criança adquire uma super resistência.
Imagino que você se pergunte como estamos hoje. Bem, viajamos uma semana para Bahia e o clima ajudou muito. A Gi passou uma semana excelente e voltou com a imunidade boa. Também passamos a usar uma vitamina e um antialérgico receitados pela pediatra que servem para aumentar a imunidade. Além disso, temos consulta marcada para agosto com um pediatra homeopata (nunca recorri à homeopatia antes, mas ante o número de conselhos, resolvi ceder).
Ela passou duas semanas sem ficar doente e agora teve um início de resfriado bem fraco, que foi só medicado com anti-inflamatório (não precisou de antibiótico).
Ah, e o mais importante: Deus continua me sustentando todos os dias.

domingo, 3 de julho de 2011

Parto normal vale a pena?

Sinto-me incrivelmente aliviada da Alícia ter nascido e de sentir meu corpo aos poucos voltando ao normal. Grande parte dos sintomas ruins se foram tão logo ela nasceu e, por isso, posso dizer com segurança que ela aqui fora está sendo mais fácil de lidar do que ela dentro de mim!

Quanto ao parto, quando me perguntam se foi normal de novo, eu brinco que "normal" foi o parto da Nicole. Esse aqui foi "anormal", rsrs! Costumam dizer que um parto nunca é igual a outro e, no meu caso, o dito popular realmente se confirmou. Tive experiências bem diferentes. As lembranças que tenho do nascimento da Nicole são de que tudo transcorreu tranquilamente, foi PARTO NORMAL com episiotomia e com anestesia. Já o parto da Alícia, um ano e dez meses depois, foi parto normal sem episiotomia e sem anestesia, ou seja, foi PARTO NATURAL!

Antes de prosseguir com o relato de minhas duas experiências, quero primeiramente fazer algumas considerações sobre o motivo da minha escolha pelo parto normal.

Por que parto normal e não cesária?

Como toda mulher é evidente que eu tinha medo da dor e estava muito apreensiva, mas mesmo assim, diante de tudo o que eu li e sobre o que me informei durante a gestação, me convenci de que o parto normal era, sem sombra de dúvida, a melhor opção - tanto pra mim como para o bebê - e por isso fazia questão de pelo menos tentá-lo! Na verdade eu tinha receio de ser enganada pelos médicos, ou seja, de ser induzida a fazer uma cesária desnecessariamente. Por isso pesquisei bastante sobre o assunto, conversei com pessoas diversas pra ouvir suas experiências e visitei uns quatro ou cinco médicos diferentes antes de optar por um.

Nas minhas pesquisas verifiquei que existe um movimento contra o excesso de cesarianas no nosso país. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que somente 15% dos partos sejam por meio de cesárias, mas no Brasil elas representam 43%! E a notícia mais estarrecedora é esta: a proporção de cesarianas no setor privado está em torno de 80% enquanto que no Sistema Único de Saúde (SUS) de 26%.

Não precisa ser muito inteligente para entender o porquê desse número altíssimo de cesárias no setor privado. Além da comodidade para a paciente de escolher o dia e a hora do nascimento do seu bebê, poder ir tranquilamente à maternidade com a malinha pronta e ser internada sem estresse, a futura mamãe ainda tem a vantagem de não precisar ficar ansiosa com relação a possivelmente ficar horas em trabalho de parto, sentindo a dor das contrações, como vemos nos filmes. Esse sem sombra de dúvidas é o maior medo da mulherada!

Com a cesária agendada, tudo é resolvido em cerca de 40 minutos, o que é extremamente vantajoso também para o médico - ele não precisará ser incomodado de madrugada, muito menos ter a dor de cabeça de cancelar e remarcar um monte de consultas durante a semana (ou outros compromissos pessoais de final de semana) para correr à maternidade se a gestante ligar dizendo que está em trabalho de parto. Não os julgo por isso, pois sei que a situação certamente não é fácil pra eles, principalmente no aspecto financeiro! Suponho que os planos de saúde, por serem empresas com fins lucrativos, pagam o mínimo possível.

Bem, o que aconteceu é que fui percebendo um padrão nas respostas das mulheres que tiveram cesária, o motivo alegado era normalmente algo do tipo "eu não tinha passagem", "eu não tive contrações ou dilatação" e "o bebê era muito grande". Daí quando eu perguntava com quantas semanas o bebê nasceu, a resposta era invariavelmente 38 ou 39. Duh!! É só pesquisar um pouquinho (inclusive sobre como é a situação em outros países) pra saber que essas desculpas são muito esfarrapadas!

A minha conclusão é que vai chegando o finzinho da gestação, e a gestante, já com barriga enorme, fica com aquele temor: "Meu Deus, como é que esse bebê vai sair daqui de dentro?". Se o médico, que é o profissional em quem ela está depositando toda a sua confiança e que a acompanhou durante o pré-natal, der qualquer indício, por menor que seja, de que o parto vai ser sofrido ou que pode haver alguma complicação, É ÓBVIO que ela vai aceitar o que ele disser e concordar rapidinho em fazer a cesária. Mas cá entre nós: Não é coincidência demais tantas cesárias serem agendadas muito antes das 40 ou 41 semanas de gestação? Como é que alguém pode saber se a mulher vai ou não vai ter passagem se ela nem entrou em trabalho de parto ainda? É óbvio que se as contrações ainda não começaram não haverá dilatação. E a desculpa do bebê ser muito grande é a pior. Em países como os EUA os bebês nascem muito maiores do que aqui no Brasil e nem por isso os médicos indicam a cesária.

Não estou aqui tentando afirmar que 100% das mulheres que fizeram cesária o fizeram desnecessariamente, em alguns casos acredito a cesária realmente seja a melhor e única solução. Como disse acima, de acordo com a OMS, até 15% ainda é aceitável. Aliás, graças a Deus que a medicina evoluiu e que existe essa possibilidade! Na época de nossas avós e bisavós, não havia outra opção e imagino que fosse mais comum haver complicações no parto, inclusive levando à morte da mãe e/ou do bebê. Mas dá para ver que muitos estão aproveitando o pavor que as mulheres têm de sentir dor (influenciadas principalmente por histórias que o povo conta, além de cenas de filmes e novelas) e manipulando a situação para benefício próprio, isso com certeza! Por isso precisamos ficar espertas.

Parto da Nicole - 29 de agosto de 2009

O nascimento da Nicole foi o "parto do sonhos": certamente muito mais fácil do que eu imaginava que seria, mas nem por isso menos emocionante ou sem surpresas - pra começar o susto de ter sido internada às pressas no sábado à tarde! Eu não estava preparada psicologicamente pra dar a luz duas semanas antes do previsto, muito menos com aviso prévio de apenas três horas! Era sábado e eu havia amanhecido com cólicas fortes. Elas eram fortes mas duravam poucos segundos, totalmente toleráveis. Quando elas vinham era só eu parar o que estivesse fazendo, me apoiar em algum lugar brevemente e me concentrar que logo passavam. Engraçado que junto com a cólica vinha a vontade de ir ao banheiro. Fiz o nº. 2 várias vezes naquela manhã e depois tomei um bom banho quente antes de sair com meus pais e sogra para ir a um laboratório do outro lado da cidade realizar o último ultrassom pois, como já estava completando 38 semanas naquele sábado, não podia esperar para fazê-lo em um dos laboratórios perto de casa.

Ao me examinar na última consulta de pré-natal, apenas dois dias antes, a médica verificou que eu já estava com 2 cm de dilatação. Quanto ao tampão mucoso, ele já tinha caído cinco dias antes. Apesar disso, eu ainda não sentia dor, apenas um incômodo quando a minha barriga enrijecia (eram as chamadas contrações de Braxton-Hicks). Após a consulta, meu marido, sabendo que eu já estava com dilatação, ficou todo eufórico e me fez ir à maternidade naquela mesma noite depois de constatar que a minha barriga estava enrijecendo a cada 10 minutos. A médica havia dito que eu precisava chegar com seis horas de antecedência pra poder tomar duas doses de antibiótico contra streptococcus antes do parto. Mas apesar disso, o que eu queria mesmo era chegar e ganhar o bebê, não ficar horas lá na cama do hospital deitada e sofrendo, esperando a dilatação evoluir para o parto! A dica mais frequente que eu ouvi em minhas conversas com outras mulheres que tiveram seus bebês por meio de parto normal era: "Aguente o máximo que você puder em casa, pois se você chegar na maternidade e estiver muito no início do trabalho de parto, vão colocá-la no sorinho e daí a tensão e dor da contração serão muito piores". Por isso fiquei chateada com meu marido naquela quinta-feira, meu plano era ir ao hospital somente quando não estivesse mais aguentando e naquela noite em específico nem dor eu sentia!

Então no sábado saí com meus pais e sogra em vez de com meu marido porque eles estavam ansiosos por ver a netinha pelo ultrassom; durante o caminho dentro do carro as contrações iam e vinham, algumas mais fortes e outras mais fracas, mas eram sempre toleráveis. O intervalo entre uma e outra ainda era de aprox. 10 minutos, então eu tinha tempo de sobra para me recompor da dor e me preparar psicologicamente para a próxima. Estava sol e o trânsito não estava bom, atrasamos e quando chegamos no laboratório já era perto do meio-dia; quase não deu tempo de fazer o exame que estava marcado para às 11:00 horas!

Nesse meio tempo também comecei a sentir uma dorzinha no pé das costas e continuei indo ao banheiro pra fazer o nº. 2 sempre que podia. Hoje quando me perguntam como é a dor da contração, eu digo que é como uma dor de barriga, você sente cólica e vontade de fazer força. Apesar da dor, eu não queria alarmar ninguém pois acreditava piamente que ainda não era hora, mas tenho uma sogra enfermeira que ficou de olho em mim o tempo todo, insistindo durante o caminho todo que fôssemos para a maternidade. Eu sorria e tentava disfarçar a dor, mas ela não se convencia! Bem, mesmo assim eu acho que disfarcei bem porque na hora do ultrassom, minha mãe perguntou à médica que fez o exame: "E aí, doutora, nasce hoje?" ao que ela respondeu: "Não, ela nem está tendo contrações ainda". Ha! Mal sabia ela!

Na volta pegamos engarrafamento novamente, já tinha passado das 14:00 horas e, cedendo à pressão da minha sogra, aceitei dar "só uma passadinha" na maternidade pra fazer o cardiotoco e medir a intensidade das contrações. Passei no pronto atendimento por volta das 15:00 horas e após fazer o exame de toque recebi a notícia de que, como eu já estava com 4 pra 5 cm de dilatação, precisaria dar entrada na minha internação para o parto porque o bebê nasceria dentro de três horas! "Mas já??", pensei. Não acreditava!

Não tinha trazido nada comigo, tudo tinha ficado em casa. Nem meu marido estava lá e tínhamos planejado que ele filmaria o parto. Apesar do susto, Deus foi bondoso comigo e me encheu de paz! Fiquei tranquila e tudo correu de uma maneira muito especial - deu tempo do Douglas chegar para assistir ao parto. E olha que ele ainda correu no shopping pra comprar o presentinho que combinamos que daríamos à médica que, diga-se de passagem, foi simplesmente excelente. Sou muito grata a ela!! Em pleno sábado à tarde ela chegou na maternidade super rápido (antes do Douglas). Uns 40 minutos depois, no máximo, ela fez o exame de toque eu já estava com 8 pra 9 cm de dilatação. A dor ainda estava totalmente suportável, eram fortes mas duravam 30-40 segundos e quando se iam eu ficava bem de novo. Na sala de parto ficamos conversando, ouvindo música e esperando. Me colocaram no tal do sorinho com ocitocina para acelerar as contrações assim que cheguei, mas tudo foi tão rápido que acho que nem deu tempo dele fazer muito efeito. Duas enfermeiras acharam engraçado porque toda vez que elas entravam na sala eu estava sorridente e papeando, mesmo com contrações e dor de parto.

Quando cheguei nos 10 cm de dilatação, tomei a anestesia, esperamos uma meia-hora para ela fazer efeito, romperam a minha bolsa e depois já fui instruída a começar a fazer força. Foi "pá-pum", acho que empurrei umas cinco vezes (ou menos) e a Nicole já nasceu, às 18:37. A parte ruim é que eu estava sem nada no estômago (não tinha almoçado) e a anestesia intensificou o meu enjôo, então na "reta final", digamos assim, eu comecei a vomitar. A gestação toda foi assim, se eu ficasse mais de 2-3 horas sem comer vomitava bile. Esta é a única lembrança ruim que eu tenho daquela sala de parto, pois fazer força pra ganhar a neném e vomitar ao mesmo tempo simplesmente não combinam!!

E por causa disso o "pós-parto" também foi muito ruim, pois continuei vomitando!! Quando cheguei no quarto depois da recuperação já eram 21:00 horas e o Douglas teve que ir embora porque meu plano só cobria hospedagem em enfermaria. Confesso que fiquei mal-humorada e estava exausta. Por causa da tontura (efeito da anestesia) por algumas horas não me deixaram comer, levantar, tomar banho ou ver e amamentar a Nicole. Essa parte foi beeeeem chata, foi uma noite conturbada para mim, chorei bastante mas depois tudo ficou bem de novo!


Parto da Alícia - 19 de junho de 2011


Como uma mulher "corajosa" que sou, depois da experiência sem dor do primeiro parto normal, comecei a pesquisar e ler a respeito de partos naturais. Na verdade a intenção era encontrar uma saída para não ter que repetir o episódio de náusea e vômito em pleno momento expulsivo do bebê já que passei tão mal na segunda gestação quanto na primeira. Eu sabia que a grande vilã tinha sido a anestesia. Falei acima que sou corajosa só pra desconstrair porque a verdade mesmo é que sou a pessoa mais medrosa e chorona que conheço - de verdade! Meus pais e marido que o digam, pode perguntar para eles! Alguns relatos que encontrei e li na internet me inspiraram, outros me deixaram apavorada. Afinal, quem em sã consciência deseja sentir dor, não é mesmo?

Comentei com a minha médica em algumas consultas de pré-natal que talvez gostaria de tentar o parto sem anestesia dessa vez. Ela me olhou com cara de perplexa e falou da preocupação com a episiotomia e da sutura em seguida. Eu perguntei se não dava pra tomar apenas a anestesia local já que no parto da Nicole, mesmo tendo tomado a geral, na hora da sutura eu senti dor e acabei tendo que tomar a anestesia local de qualquer maneira. Ela consentiu e não falamos mais no assunto, mas eu continuei insegura quanto ao que realmente eu queria.

Tive toxemia gravídica nas últimas três semanas de gestação, inchei muito e minha pressão, que sempre foi baixa, começou a subir. Precisei tomar remédio para hipertensão. Como a única cura para a toxemia, também conhecida como pré-eclâmpsia, que nada mais é do que uma reação do meu organismo ao hormônio da placenta, é o bebê nascer, minha médica começou a falar sobre a possibilidade de adiantar o parto tão logo fosse possível (a partir da 37ª semana).

Essa notícia não me agradou nem um pouco, pois minha mente logo traduziu "adiantar o parto" como "marcar uma cesária" ou "induzir o parto normal", o que inevitavelmente significaria fazer uso do tão temido "sorinho": a ocitocina. Se para muitas cogitar tentar o parto normal sem anestesia já beira à loucura, pensar em induzi-lo é certamente pior ainda!

O finzinho da gestação foi especialmente difícil pra mim. Aliás, por causa dos enjôos, dores e mal-estar constantes ela toda foi. O problema da toxemia só a tornou ainda pior. Sentia-me continuamente exausta, inchada, tendo que fazer e repetir exames praticamente toda semana... era uma loucura. Não tinha energia pra cuidar da Nicole ou trabalhar e não via a hora de dar logo à luz! A última consulta de pré-natal foi numa sexta-feira. O tampão mucoso não tinha saído e o meu colo do útero ainda estava fechado. A médica apenas mencionou que ele estava querendo começar a dilatar. Na volta para casa, talvez porque tinha acabado de fazer o exame de toque, senti umas duas daquelas cólicas mais fortes que comecei a sentir no dia em que ganhei a Nicole. Isso me deixou bem contente porque tive certeza de que não seria preciso induzir o parto, pois o meu próprio corpo faria o trabalho sozinho.

No dia seguinte continuei a tê-las mas elas ainda não eram regulares. Às vezes vinham a cada 10 minutos, às vezes a cada 15 e outras vezes passavam 30 ou 40 minutos e eu não tinha mais nenhuma! Elas também estavam bem toleráveis (fracas) e duravam poucos segundos. Na minha ansiedade de que estava chegando a hora, caí na besteira de contar para o meu marido. Meu primeiro erro, pois contar tão cedo só serviu para deixá-lo apreensivo. Deixe eu explicar o porquê. Depois de relatar, alguns meses antes, a uma amiga que é enfermeira de maternidade nos EUA, como foi a experiência do meu primeiro parto, ela brincou que essa segunda vez seria tão rápido que quem iria fazer o parto seria o meu próprio marido. Imaginem como ele ficou!!

Não deu outra: Antes mesmo do almoço, sem eu saber, o Douglas ligou para a médica que disse para irmos ao hospital. Depois ele contou para a mãe dele. Segundo grande erro. Ela falou não sei quantas vezes que eu estava tranquila demais pra alguém que estava pra ganhar neném e que se eu não fosse logo para o hospital a Alícia iria nascer dentro do carro! Quanta pressão! Bati o pé e disse que eu não iria para a maternidade ainda e pronto, não tinha conversa, mas era uma pressão doida dos dois. A tarde toda!

O Douglas ficava controlando com o relógio e a cada dez minutos + ou - perguntava: "Você teve outra contração?". Eu dizia que não, que avisaria quando tivesse, mas a sensação que eu ficava é que eles não acreditavam. Dali em diante o dia empacou, sabe quando ninguém quer fazer nada porque sente que a qualquer momento terão que sair às pressas para o hospital? Ficava um olhando para a cara do outro esperando o meu "sinal verde" de que já era hora. Já estava tudo dentro do carro, só esperando mesmo eu aceitar entrar nele pra sair.

Sinceramente? Se eu tivesse que nomear um único sentimento que fosse capaz de colocar tudo a perder eu escolheria a ANSIEDADE. Ela tira seu foco (das coisas importantes, pelo menos), o impede de usar a razão, exagera completamente os fatos e contamina quem está por perto, pra citar alguns prejuízos. Outras pessoas sem querer também contribuíram com a ansiedade geral que pairava sobre a minha casa naquele dia com frases do tipo: "E aí? Essa bebê nasce hoje ou não nasce?" e "Não vai enrolar dessa vez, hein, se estiver tendo contração vá pra maternidade".

Então eu finalmente cedi. Esse foi o terceiro erro do dia e o que mais trouxe consequências ruins! Se ao menos eu tivesse ficado em casa e esperado o amanhecer para ir à maternidade, tenho certeza de que chegaria lá "já ganhando", exatamente como eu queria! Mas não, tomada por apreensão, comi um lanche, tomei um banho e lá pelas 18:00 horas saí de casa.

Dei entrada no pronto atendimento por volta das 18:40 e, por causa da hipertensão gestacional, fiz mais uma vez todos aqueles exames a que já estava habituada - sangue, urina, USG com doppler e cardiotoco - e esperei sair o resultado. Continuei monitorando as contrações e agora elas vinham um pouco mais fortes, porém continuavam toleráveis e ainda estavam em intervalos de 7, 9 ou 13 minutos.

No exame de toque a obstetriz disse que eu estava com 2 para 3 cm de dilatação e por isso julgou que eu estivesse em início de trabalho de parto. Já estava bem tarde e eu muuuuito cansada. Queria muito ir pra casa. Insisti com a obstetriz pra me deixar ir prometendo que voltaria bem cedo na manhã seguinte, mas ela não quis saber! Como não haviam conseguido localizar a minha médica até então, achou melhor que o meu marido já desse entrada na internação enquanto aguardávamos a médica entrar em contato. Eram 23:46 horas do sábado à noite.

Fui para a LDR (Labor and Delivery Room) e tentei ligar para a médica para dizer a ela que tudo não passava de um grande mal-entendido, que ela não precisava vir tão logo porque não estava na hora ainda. Mas era tarde demais! Ela já estava no hospital, saindo do vestiário e andando em direção à sala de parto. Ela me examinou e, para minha surpresa, eu já estava com 5 cm. Mas estava de madrugada e, diferente da minha primeira experiência, não ficou conosco o tempo todo na sala. É evidente que ela teve um longo dia e precisava tentar descansar e dormir um pouco. Eu também não estava me aguentando de sono. No começo o Douglas até tentou ficar acordado fazendo massagem em mim enquanto ouvíamos música, mas no fim das contas ele também se entregou e resolveu tirar um cochilo. Quando a médica voltava pra me examinar, ela comentava que o colo do útero ainda estava alto, mas nós estávamos tão zonzos de sono que não entendemos que era pra ajudar empurrando quando a contração viesse. Esse foi o nosso quarto erro! Em vez de assumir uma postura ativa para ajudar no trabalho de parto e não precisar tomar ocitocina na veia, fiquei totalmente passiva esperando o meu corpo fazer todo o trabalho sozinho!

Por volta da 1:00 hora da manhã, a dilatação estava em 7 cm e às 2:00 em 8 cm, porém o colo continuava alto e eu não estava sentindo dor porque as contrações ainda eram bem espaçadas. Às 2:45, a médica mandou colocar ocitocina no soro para acelerar a evolução do parto. De hora em hora ela me examinava e, ao constatar que eu continuava com os 8 cm, pedia para aumentar a dosagem da ocitona. Mesmo assim, as horas foram passando e nada do colo do útero descer ou do tampão mucoso sair! Eu não aguentava mais fazer o exame de toque porque era muito doloroso e ouvir, vez após outra, que a dilatação continuava igual era frustrante. Eu estava esgotada, confusa e estressada com aquela situação.

Quando entre 5:00 e 6:00 horas da manhã a médica pediu para me darem a dosagem máxima de ocitona e mencionou que se o colo do útero não descesse logo, ela iria fazer uma cesária, eu fiquei ainda mais apreensiva. Na verdade eu cheguei a considerar a hipótese de fazer a cesária. Estava tão injuriada e cansada de ficar ali presa àquela cama de hospital que a possibilidade de acabar logo com tudo aquilo de uma forma rápida, com pouco esforço e indolor pareceu uma saída bem conveniente. Mas daí me lembrei da anestesia e de como é horrível vomitar. Já estava enjoada, sem nada no estômago, a única coisa que tinham liberado para eu comer foi um potinho de gelatina e suco por volta da 1:00 da manhã e isso já fazia horas; tomar anestesia pra uma cesária não iria ajudar. Também me lembrei de como valeu a pena ter parto normal da primeira vez e fiquei aflita de imaginar fazendo uma cesária agora!

Nesta hora o Douglas ligou para os meus pais; meu pai orou conosco pelo viva-voz do celular e nós fomos concordando com ele à medida que ele profetizava a bênção de Deus sobre o meu parto. Foi somente então que "a nossa ficha caiu" e o Douglas e eu nos mexemos pra tentar fazer alguma coisa. Tinha passado a noite toda no hospital pra nada? Claro que não! Eu não queria cesária de jeito nenhum e, apesar da certeza de que não existia absolutamente nada de errado com o meu corpo que pudesse impedir um parto normal e de saber que a situação só tinha chegado a esse ponto por erro meu mesmo (que fui para o hospital antes da hora), percebi que continuar brava e frustrada com a situação não iriam resolver a situação. Eu precisa me mexer.

Estávamos somente eu e meu marido ali na sala quando decidimos que eu começaria a empurrar junto com a contração. Queríamos surpreender a médica e deu certo! Quando por volta das 6:45 ela me examinou de novo, a dilatação já estava em quase 9 cm e parte do tampão mucoso saiu nas mãos dela. Ela pareceu satisfeita e anunciou que às 7:15 iriam estourar a bolsa.

Dali pra frente a evolução do parto foi tão intensa que eu tenho dificuldade de me lembrar dos detalhes. Empurrar junto com a contração me deixou exausta e as dores estavam ficando bem fortes - a ponto de me fazerem gemer, algo que eu não senti no parto anterior, pois nesta altura do trabalho de parto eu já tinha tomado a anestesia. Eram 7:35 e a médica ainda não tinha voltado para romper a bolsa, então o Douglas foi chamá-la pois percebeu que já estava na hora!

Daí em diante tudo aconteceu muito rápido. O intervalo entre as contrações diminuiu a ponto de eu não conseguir retomar o fôlego e me recuperar entre o fim de uma contração e o início da outra. Os gemidos de dor viraram um longo e alto berro. Até eu me assustei com a minha reação! Rapidinho eu perguntei à médica se ainda dava tempo de tomar a anestesia. Ela disse que sim e de repente a sala começou a ficar cheia de gente; o anestesista entrou, o Douglas teve que sair para trocar de roupa e começaram a esterelizar o ambiente para o momento do nascimento.

As contrações não paravam e eu estava emocionalmente abalada, não conseguia me concentrar em nada do que as médicas diziam para eu fazer. Estava levando bronca porque eu me contorcia toda, o que impedia a passagem do bebê, mas a dor estava tão forte que eu queria levantar e me jogar para fora da cama. Não tinha posição que aliviasse a minha tensão! Quando vi o anestesista ali do meu lado e imaginei que eu não conseguiria ficar parada tempo o suficiente para ele aplicar a raqui nas minhas costas, fiquei com medo e voltei atrás. Decisão louca, eu sei! Mas no momento da dor a gente não consegue pensar direito.

A contração seguinte me fez dar outro berro estridente. O Douglas ainda não tinha voltado, então eu levantei e abracei a médica chorando. De repente senti um aperto lá embaixo e tinha certeza de que era a cabecinha do bebê coroando. Fiquei eufórica e gritei: "Está saindo! Está saindo!".

Deitei com pressa e me estiquei com medo de machucar minha filha. Deus foi bondoso e misericordioso nesta hora: tive uns instantes de trégua entre as contrações. Eu sabia que duraria pouco também mas foi um alívio tão grande! Olhei e o Douglas já estava ali do meu lado de novo. Lembro-me de ter conseguido fechar os olhos, respirar fundo e perguntar à médica: "Está bem, o que é para eu fazer mesmo?". Ela repetiu as instruções, eu obedeci, empurrei com toda a minha força mais 1 ou 2x e... ufa, a Alícia nasceu, às 8:09 do domingo de manhã!

No fim das contas não deu tempo da médica me dar a anestesia local ou de fazer a episiotomia antes do nascimento, por isso tecnicamente foi um parto natural. Depois de eu conhecer minha filha, o Douglas ficou tentando me distrair com fotos que havia acabado de tirar dela enquanto a médica tentava tirar a placenta, mas eu não queria papo. Fiquei reclamando com ela e pedindo que me desse logo a anestesia local! Me sentia tão traumatizada pelo que acabara de acontecer que só queria chorar pra aliviar a tensão.

Quando finalmente tomei a anestesia e ela me deu os pontos, daí sim ficou tudo bem... quer dizer, quase. Continuei com a região abdominal bem dolorida e me deram medicação na veia, mas não precisei ficar horas na sala de recuperação como da outra vez. Praticamente assim que ela nasceu fui levada para o quarto e pude comer! E o melhor: dessa vez não tive qualquer enjôo ou vômito!

Se você leu até aqui provavelmente quer saber se eu acho que valeu a pena ter passado por todo esse sofrimento para ter a minha filha. Eu não preciso pensar duas vezes para afirmar que o parto normal sim, valeu MUITO a pena. Estaria arrependida hoje se tivesse cedido e pegado o atalho - ter aceitado fazer a cesária quando o processo ficou demorado e cansativo.

Já com relação ao parto natural (o fato de na hora "H"eu ter optado por não tomar a anestesia) eu não saberia responder de imediato com 100% de certeza. A resposta é: DEPENDE.

Confesso que fiquei bem estranha durante os primeiros dois dias após o parto, não queria falar sobre o assunto para não ter que me lembrar da experiência. Tinha sido horrível e eu ficava envergonhada só de pensar que eu me descontrolei e berrei como louca na hora da dor. Além disso, fiquei me martirizando e sentia certa revolta por tudo ter dado tão errado - ou pelo menos diferente de tudo o que eu havia planejado. Por isso não canso de repetir o conselho que recebi: se você está grávida e quer parto normal, não vá para o hospital cedo demais; chegar antes da hora e ficar lá por horas a fio é extremamente desgastante e mexe demais com as nossas emoções e capacidade de raciocínio. Mas depois do segundo dia os meus sentimentos mudaram com relação à experiência, comecei a sentir orgulho por ter conseguido essa proeza e consegui avaliar melhor os benefícios que esse parto "insano" me proporcionou.

Com o meu histórico de duas gestações difíceis, com incessante mal-estar e vômito (acho que só quem passou por isso consegue realmente entender como é ruim), não ter tomado anestesia e vivido 30 min de dor intensa nos "finalmentes" do trabalho de parto compensou sim, foi uma vitória! Hoje sinto satisfação ao lembrar e tenho aquela sensação de "missão cumprida".

Foi difícil? Sem dúvidas! Eu faria tudo de novo? Com exceção de ter ido tão cedo para o hospital (rsrs!), certamente que sim. O motivo? Passei por uma experiência que pouquíssimas mulheres nessa era moderna têm coragem de encarar e isso por si só faz-me sentir como uma guerreira!