Bem-vinda!!

Bem-vinda ao nosso blog!
Aqui, mamães muito diferentes mas com um único objetivo compartilham suas experiências nesta grande aventura que é a maternidade! Nós queremos, acima de tudo, ser mamães sábias, que edificam seus lares e vivem com toda plenitude o privilégio de sermos mães! Usamos muitos dos princípios ensinados pelo Nana Nenê - Gary Ezzo, assim como outros livros. Nosso objetivo é compartilhar o que aprendemos a fim de facilitar a vida das mamães! Fomos realmente abençoadas com livros (e cursos) e queremos passar isso para frente!


"Com sabedoria se constroi a casa, e com discernimento se consolida.
Pelo conhecimento os seus cômodos se enchem do que é precioso e agradável"
Prov. 24:4,5

terça-feira, 27 de abril de 2010

Os primeiros três meses

Gigi completou três meses. Como o tempo passa rápido! Estava eu olhando minha pequena e reparando em quanto ela mudou em um espaço de tempo tão curto. O rosto, a expressão, tamanho, as formas...é simplesmente fantástico como as mudanças ocorrem em bebês dessa idade.


Posso dizer, contudo, que a tristeza que sinto por deixar esse período para trás é completamente abafada pela alegria que experimento só de pensar nessa nova fase que chega. Minha pequena está crescendo...que bênção!

Abaixo compartilho com vocês como foi minha experiência nesse primeiro trimestre nos três aspectos fundamentais do Nana Nenê: alimentação, tempo acordada e sono. Já antecipo que a rotina me ajudou a descansar o suficiente para curtir muito minha filhota e que as coisas estão sim se tornando cada vez mais fáceis e prazerosas.

Vamos lá:

Alimentação:

Desde que voltamos da maternidade eu já instituí o programa alimentar do Nana Nenê. Gigi mamava entre intervalos de 2,5 e 3,0, mais ou menos. Digo “mais ou menos” porque não era muito rígida. Algumas vezes amamentei em intervalos um pouco menores (mas não menos de duas horas, salvo se ela não tivesse se alimentado bem no horário anterior) e poucas vezes em intervalos maiores.

Aqui, acho que vale a pena fazer um parêntesis. Pediatras brasileiros, como vocês devem saber são quase em sua totalidade adeptos da teoria chamada “alimentação de livre demanda”. Em apertada síntese é dizer “o bebê mama quando ele quiser”. Você deve imaginar que discordo deles e que sou adepta da teoria “alimentação orientada pelos pais”...correto? Não! Eu sou adepta da livre demanda sim.

Explico: O que a grande maioria de pediatras chama de “livre demanda” não corresponde ao que Gary Ezzo chama de livre demanda. Quando fiz o curso de gestantes no São Luiz, fui apresentada a esta teoria da seguinte forma: O bebê mama quando tiver fome, o que deve acontecer mais ou menos a cada três e três horas. No entanto, se ele tiver fome antes disso, alimente-o. Na boa, não é a mesma coisa da “alimentação orientada pelos pais” com as palavras invertidas? Ezzo diz com todas as letras que sempre se deve alimentar um bebê com fome, não importa o que diz o relógio. O relógio é apenas uma referência.

O Dr. Ped da Gigi fala a mesma coisa. Ele é adepto da livre demanda, mas sempre me pergunta de quanto em quanto tempo ela mama. Nenhum médico com quem eu conversei acha correto alimentar o bebê a cada meia hora.

Então, se todo mundo está falando mais ou menos a mesma coisa, por que tanta confusão? Acho que é porque não é esclarecido às mães que choro não é necessariamente igual a fome. Os pediatras brasileiros não falam “amamente quando o bebê chorar” e sim “amamente quando ele tiver fome”. Em geral, eles acrescentam que isso deve ocorrer a cada três horas, mas de forma genérica. A mãe que não pesquisou, não compartilhou experiências, que já está perdida, rapidamente esquece-se de considerar a situação e, na primeira oportunidade em que o bebê chora, dá-lhe peito!

Apenas mais um esclarecimento: existe sim uma teoria pura de livre demanda em que é pregado sim que o bebê deve ser colocado ao seio a todo tempo. É a essa teoria que Ezzo se refere. A versão brasileira dela, contudo, é bem mais “abrandada” e chega a se assemelhar a “alimentação orientada pelos pais”.

Conclusão: a maioria dos especialistas está mais ou menos conteste de que é importante manter uma rotininha com o bebê e que não é saudável oferecer o peito sem qualquer critério. É isso que é praticado nas U.T.I´s neonatais brasileiras, na própria maternidade e que também deve ser continuado quando voltamos da maternidade.

Portanto, mamãe, pode seguir a AOP sem medo de fazer mal ao seu bebê. Gigi nasceu um pouco abaixo da média nacional (3,125kg, quando a média gira em torno de 3,500), mas hoje já está dentro do padrão, mesmo mamando entre 6-8 mamadas diárias nesses primeiros três meses. É evidente, contudo, que precisamos verificar constantemente as fraldas e checar o suprimento de leite quando tivermos dúvidas se os bebês estão mamando o suficiente.

Hora de ficar acordado:

Durante as duas primeiras semanas, a Gigi dormia bastante e não era incomum que adormecesse no seio, apesar dos meus esforços em mantê-la um tempinho acordada. Em geral, se depois de muitas tentativas ela não acordasse, eu colocava ela de volta no berço e, se ela não tivesse mamado bem, acordava meia hora depois. Do contrário, se tivesse mamado razoavelmente bem, a deixava dormir até o próximo ciclo.

Na terceira semana as coisas mudaram. Gigi descobriu que ficar acordada era bacana. Então eu cantava para ela ou contava uma história. Ela também a-do-ra-va o trocador (ainda gosta), então as vezes eu deixava ela lá, mesmo sem precisar trocar fralda, e conversávamos (eu falava, ela escutava). Passear pela casa e mostrar as coisas também era um passatempo divertido. Contudo, nada ganhava de duas atividades: olhar a parede e o espelho. Coloquei no quarto dela um papel de parede com listras verticais e horizontais. Acho que foi a melhor coisa que fiz no quarto dela. Ela simplesmente se encantou nas primeiras semanas. Quanto ao espelho, sem comentários. Ela curtia muito mais a ele do que a mim. 

Hora de dormir :

Como eu disse, ela dormia relativamente fácil para as sonecas nas primeiras duas semanas. Isso mudou muito a partir da terceira semana. Ela literalmente berrava só de “deitarmos” ela, mesmo que no colo. Como não tínhamos começado o método de deixar chorar nessa fase, passávamos quase uma hora balançando, ninando, etc. para tentar fazê-la dormir. Algumas vezes tínhamos sucesso – outras não. Mas mesmo nas vezes em que dormia, bastava colocá-la no berço para que voltasse a acordar 20-40 minutos depois.

Nessa época tentamos o método da encantadora de bebês (shhh e dar tapinhas). Não funcionou. Eu cheguei a ficar uns 40 minutos fazendo isso com ela já na cama e bastava eu diminuir o ritmo que ela berrava.

Foi simplesmente péssimo, horrível.

O mesmo acontecia de noite, na hora oficial de dormir. Eu e meu marido revezávamos. Hora eu balançava, hora ele. Tentei de tudo: banho confortável à noite, massagem, músicas cantadas por mim ou só tocar um CD, ventilador...tudo! Ela ainda assim chorava por mais de uma hora (bem mais). Chegamos a pensar que era cólica ou refluxo, porque bastava colocar ela “levantada” no colo que parava. Inclinamos o colchão do berço, ligamos o aspirador de pó, enfim, seguimos todo o protocolo para bebês com cólica. Só que depois vimos que se ela ficasse deitadinha, mas na claridade e preferencialmente conosco perto, ficava numa boa. Que raio de cólica era essa?!

Meu plano era apenas “deixar ela chorar” para dormir apenas depois dos três meses, mas depois de duas semanas bem mal dormidas (eu, meu marido e também ela!), resolvi que ia tentar, pelo menos para o sono noturno.

Foram três noites tenebrosas, mas não muito diferentes do que já estava acontecendo, mesmo com nosso esforço em fazê-la dormir no colo. Ela chorou por mais de uma hora na primeira noite, quase uma hora na segunda e uns quarenta minutos na terceira. Na quarta, contudo, chorou vinte e dormiu. Eu nem acreditei! Pedi para meu marido ir conferir, porque ela capotou de um jeito que pensei que ela tivesse parado de respirar. Sério, mesmo.

O sucesso foi simplesmente impressionante. A partir da quinta noite ela dormia em menos de quinze minutos, sendo que só chorava mesmo uns 3-4 minutos. O resto era uma reclamação. Acordava de madrugada para mamar e bastava colocar ela de volta no berço que ela voltava a dormir quase que instantaneamente. Ficamos maravilhados.

Deu tão certo que resolvi tentar o mesmo para as sonecas, apesar do plano de só começar aos três meses. Com 4,5 semanas, passamos a deixar chorar para as sonecas. Honestamente, ainda não sei se foi a decisão mais acertada. Talvez mais para frente eu escreva sobre isso. Ela chorou e chorou bastante. Não posso negar que as coisas melhoraram, que ela passou sim a dormir, sendo que antes não dormia, e também que acordava feliz e contente depois de uma soneca revigorante. Mas foram semanas, literalmente, até eu ver um progresso significativo e até hoje, mesmo depois de 10 semanas de treinamento de sono, ela chora. Chora bem menos (uns 20 minutos), mas corta meu coração do mesmo jeito. Tem dias que as coisas são mais fáceis, mas são igualmente freqüentes os dias em que não são. Nesses dias eu me sinto péssima e questiono se tomei a decisão correta.

O Nana Nenê fala em oito semanas de estabilização, quando o bebê então deve ir dormir numa boa. Como eu disse, passaram-se dez semanas e os resultados, embora positivos, ficaram aquém da minha expectativa. Se me perguntassem o que eu faria com o segundo filho, eu diria que sinceramente não sei. Preciso de mais algumas semanas para me decidir. Conheço gente que viu os resultados prometidos até mais cedo que as oito semanas. Mas também sei de pessoas que depois de meses, mesmo sendo constantes, verificaram apenas uma boa melhora, mas não que valesse tudo pelo que passaram.

Meu conselho? Reflita. Ore. Ouça a opinião do seu marido. Só deixe chorar se realmente acreditar que isso funciona e se tiver força para passar por isso. Caso esteja em dúvida, seja sobre a eficiência do método, seja sobre sua habilidade de seguir até o final, espere.

Sinceramente, acho que é um método razoavelmente eficaz, mas não acredito que sempre funcione, ou que seja o único possível para se desenvolver um bom padrão de sono. Cada bebê é um ser único e seria ingenuidade pensar que existe um método lógico e racional que possa ser aplicado a todos de modo uniforme, com resultados idênticos. Criar filhos não é uma ciência exata. O que funciona para um pode não funcionar para o outro. Isso vale até para irmãos. Você já deve ter reparado que crianças de uma mesma mãe podem agir e reagir de modo completamente diferente. Não é possível criá-las de forma igual.

Apesar dos meus questionamentos, não quero desencorajá-las! Minhas colegas escritoras desse blog têm histórias de muito sucesso para contar. Não são apenas as delas, mas também de outras mães que colhem frutos precisos hoje porque tiveram a persistência de passar por esse período difícil. Eu mesma não posso dizer que minha tentativa fracassou. Simplesmente não segue o padrão, mas não significa que não funcionará. Talvez em algumas semanas eu possa dizer que Gigi dorme tranquilamente e que tudo valeu sim a pena, embora tenha demorado um pouco mais. Ademais, funcionou muito bem para o sono noturno...que já é meio caminho andado, né.

Conclusão:

O Nana Nenê foi uma verdadeira bênção nesses três meses. Giovanna nasceu com peso um pouco abaixo da média, mas hoje já está na curva padrão. Mesmo com toda a choradeira para dormir é um bebê muito feliz e contente. Meus amigos ficam impressionados quando nos visitam (fora de casa ela segue mal-humorada). Ela sorri, conversa e se agita para todos. É também muito esperta e, exceto quando está com sono, raramente chora.

Adora tudo: banho, trocador, ficar de em pé, de costas, sozinha, sentada, brinquedo, sem brinquedo...enfim, tudo! Outro dia eu ouvi ela “conversando” no berço umas seis da manhã. Resolvi deixar ela por lá para ver se voltava a dormir. Não voltou. Falava, ria, olhava para a mão...dormir que é bom, nada. Depois de um tempo resolvi que era melhor abandonar meu sono, levantar de vez e começar o dia um pouco antes, já que ela estava tão animada. Cheguei no berço e ela me cumprimentou com um sorriso largo e um balanço de pernas. Agitou-se toda e emitiu aqueles ruídos alegres. Quando eu a peguei percebi uma poça imensa de xixi. Vazou tudo. O lençol, o edredon, o colchão, tudo encharcado! A calça dela estava tão molhada que quando apertei saiu líquido. O xixi já estava frio, o que indicava que ela tinha feito a algum tempo – por isso tinha acordado antes. E lá estava ela, feliz da vida!

Acho que o maior presente que o Nana Nenê dá aos pais que resolvem aplicar os seus princípios é a segurança e a flexibilidade. Segurança, porque mesmo sem experiência, sabemos o que fazer e quando fazer. Flexibilidade, porque podemos adaptá-lo à nossa realidade e personalidade.

Sabe o que particularmente mais me agrada? Ezzo e Bucknam falam para irmos pesquisar outras opções, nos informarmos, mesmo sobre coisas com as quais eles não concordam. Ele é inclusivo, não exclusivo. Ainda que a decisão seja aplicar apenas um dos princípios, nos beneficiamos com seu resultado. Não é um livro tudo ou nada.

Aplico o Nana Nenê e estou muito grata por tê-lo feito. Que sirva de encorajamento para você que passa por esse período tão cansativo...mas tão maravilhoso!

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Tal pai, tal filho. Será??

Esse final de semana fui para Atibaia e participei do chá da Larissa (que nasce agora em maio!!). Além de ter sido abençoada por poder rever minhas queridas amigas (Tine, Fabi e Tati), também fui muito edificada pela palavra que a sogra da Cristine, de maneira singela e sábia, nos trouxe. Ela falou sobre um aspecto da maternidade à luz da Bíblia que eu nunca havia parado para pensar.

Compartilho abaixo um resumo da mensagem com os pontos que me mais me chamaram a atenção.

Muitas, se não todas, certamente já ouvimos e repetimos a expressão "Tal pai, tal filho" no nosso dia-a-dia de vida, mas o que ouvi nesse final de semana me ajudou a repensar esse conceito e entender que nem sempre é assim.

A Bíblia fala dos feitos de um rei muito importante na história de Israel, ele chamava-se Josias.
Veja o que está escrito sobre ele:

2 Reis 23:25 - "Nem antes nem depois de Josias houve um rei como ele, que se voltasse para o SENHOR de todo o coração, de toda a alma e de todas as suas forças, de acordo com toda a Lei de Moisés".

2 Crônicas 34:1 -"Ele fez o que o SENHOR aprova e andou nos caminhos de Davi, seu predecessor, sem desviar-se nem para a direita nem para a esquerda".

Por esses dois trechos, está claro que Josias foi um homem bom e que fez o que era reto diante de Deus. Ao continuar a leitura em 2 Crônicas 34, lemos que ele começou a reinar com apenas 8 anos de idade e que reinou por 31 anos em Jerusalém. Sendo ainda bem jovem, aos 16 anos, Josias teve desejo de conhecer a Deus de uma maneira mais profunda e, por isso, começou a buscá-lO. Aos 20 anos, ele se preocupou com as pessoas do seu reino e desejou que elas fossem purificadas - iniciou então uma grande reforma em Judá e Jerusalém, eliminando tudo aquilo que desonrava e desagradava a Deus.

Talvez equivocadamente olhemos para esses relatos da vida de Josias e pensemos que ele fez tudo tão certinho porque teve um pai bondoso e honesto para instruí-lo. Não foi esse o caso! Aliás, foi bem o contrário. Seu pai, Amom, era tão mau que seus próprios oficiais o assassinaram dentro do palácio! Fico imaginando se talvez o próprio Josias não tivesse presenciado ou ouvido os gritos no momento da morte do pai, quem sabe? Na certa foi uma terrível tragédia para a sua família. E seu avô como era? Bem, ele também não era flor que se cheire. 2 Crônicas 33:25 diz que Manassés, pai de Amom, "fez o que o SENHOR reprova, imitando as práticas detestáveis das nações que o SENHOR havia expulsado de diante dos israelitas". Esses dois sim foram "tal pai, tal filho" (leia 2 Reis 21). Ele fez coisas abomináveis até de se fazer menção, chegou inclusvie a queimar o próprio filho em sacrifício!

Pois é, Josias realmente não teve bons exemplos de seus predecessores para seguir, mas ele teve uma MÃE e ela fez toda a diferença! Seu nome era Jedida. Apesar de ser um nome feio, em hebraico seu significado ("amado") é muito bonito. Creio que de alguma forma a influência que essa mulher teve sobre a vida de seu filho foi tão positiva que ela superou qualquer influência ruim e maligna que ele recebeu de seu pai e avô.

Há outros exemplos de grandes homens na Bíblia, como Moisés e Samuel, cujas mães fizeram diferença no modo como viveram sua vida adulta. Apesar de ter sido criado pela filha de faraó, com costumes totalmente diferentes do seu povo, Moisés foi fiel aos ensinamentos que recebeu de sua mãe em tenra idade e, muitos anos depois, foi o homem quem Deus usou para libertar Israel do Egito. E Samuel, que quando ainda era bem novinho foi entregue a Eli por sua mãe Ana (em promessa feita a Deus), não se desviou do que ela havia lhe ensinado e se tornou um grande profeta em Israel - diferente dos outros dois filhos de Eli que faziam o que Deus reprovava.

Que inspiração! Saber que nós, como mães, temos esse poder e responsabilidade de influenciar positivamente as vidas de nossos filhos e que tudo começa desde a tenra idade me dá uma nova perspectiva de meu papel e me encoraja a ir além na educação dos meus filhos!!

Como mães, podemos fazer tanto - mais do que possivelmente imaginamos - e isso vai além do que prover um lar confortável, alimentá-los, cuidar da sua saúde, vesti-los e ensinar-lhes outras coisas triviais da vida, como ter higiene pessoal, ser gentil, educado e um bom aluno na escola. Essas coisas são todas boas sim, mas podemos ir além! Podemos educar seus corações!

Bem, esse é o meu desafio pra vocês refletirem essa semana. Um grande abraço!

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Maternidade é bênção, não martírio.

Vocês já pararam para pensar porque tantas mulheres brasileiras têm um filho só e depois "desistem" da maternidade?

Eu sei que em parte o motivo é financeiro, o salário da mulher brasileira faz falta à renda familiar e por isso ela precisa voltar para o trabalho antes do bebê completar 1 ano, o que eu considero uma realidade muito triste de nosso país. Mas, por outro lado, desconfio que a razão de muitas não quererem ter o segundo, terceiro ou quarto filho é por causa do sufoco e caos que passam nos primeiros meses (e porque não dizer anos?) do bebê, justamente os mais críticos e determinantes para a sua formação e convivência saudáveis dentro e fora do lar!

Pintemos o cenário típico de quem acaba de chegar em casa da maternidade: os hormônios estão alterados, as emoções instáveis, o corpo todo esquisito, as mamas doloridas, os mamilos rachados de amamentar, dormindo quase nada à noite... E no caso de quem passou por uma cesária (no Brasil isso engloba mais de 80% das mulheres no setor privado, mas esse tema vai ter que ficar para uma próxima postagem!), a situação é agravada, pois estamos falando da recuperação de uma cirurgia, o que inevitavelmente envolve repouso, certa dificuldade de mobilidade, dor nos pontos, essas coisas.

Bem, é em meio a esse cenário desastroso (principalmente quando se trata de mamães de 1a viagem), de emoções confusas, dúvidas e muitas incertezas ("será que estou fazendo certo?", é o que normalmente pensamos), hipersensibilidade e choros com ou sem motivo, que pediatras e enfermeiras orientam suas pacientes a amamentararem sempre que o bebê quiser!! Que loucura.

Fico realmente abismada. Será que "esse povo" não enxerga a pressão que coloca sobre nós? Amamentação por livre demanda - é isso mesmo ou será que fui eu que entendi errado?

Imaginem só o que acontece... O bebê mama uns minutinhos e dorme no peito, em menos de 1h ele acorda e chora, então a mãe entende que é fome e dá mamar de novo. Dali umas 2 horas ela novamente o amamenta porque ele acordou, não pára de chorar, então ela pensa "só pode ser fome". Quando dali 40 min ele está aos berros de novo, ela pensa: "fome de novo não pode ser, então será que é cólica?" e decide alimentá-lo porque descobriu que o peito ajuda a acalmá-lo. E assim se perpetua um hábito, o processo se repete o dia todo por dias, semanas e meses. Isso parece estressante pra você também ou será que é só pra mim?

Frustrada e com suas energias esgotadas, a mãe se dá conta que acidentalmente entrou no modo "oferecer o peito toda vez que o bebê chora" e a maternidade então se torna um martírio. O resultado é uma mulher estressada, privada de sono e o que é pior: amamentando o dia todo!!

Sabia que nessa fase inicial (0-3 meses) bebês têm grande necessidade de sucção e que se você não tomar cuidado e entrar nessa onda "alimentação por livre demanda", você se tornará uma chupeta humana?! Ou pior, ele aprenderá que precisa do peito para dormir e ficará dependente de você porque não aprendeu a dormir de outro jeito?

Cá entre nós, vendo por esse lado fica fácil entender porque muitas mães desistem de amamentar logo no 2º. ou 3º. mês e preferem dar fórmula! Porque na boa, quem aguenta? Quem vai querer repetir a dose?

E isso me revolta, pois eu entendo que a maternidade é para ser bênção, não martírio! Seu bebê veio para abençoar e trazer alegria para a sua casa, não para se tornar fonte de incômodo. É por isso que ele precisa sabe do quê? Ele precisa de rotina!! É um absurdo ensinarem o contrário nos cursos para gestantes. Pra mim está claro: você e seu bebê precisam de descanso; é para isso que serve a rotina, ela é essencial nesses primeiros meses de adaptação.

Seu filho precisa dormir (bebês cansados choram muito!!) e ele precisa aprender a fazer refeições completas a cada mamada (não beliscar) para que o seu sistema digestivo possa descansar adequadamente entre uma mamada e outra. Eu acredito na alimentação orientada pelos pais, não pelas exigências do bebê (que nada mais é do que a tal da amamentação por livre demanda).

O Nana Nenê ensina que não se pode confiar no choro do bebê para saber a hora de alimentá-lo. Por dois motivos: primeiro porque ele pode estar com fome e não chorar (alguns bebês são assim) e segundo porque ele pode chorar/espernear e não ser fome. Adianta alimentar um bebê sem fome se ele está chorando de sono, por exemplo? Claro que não! O que acontece é que bebês novinhos costumam mamar por apenas 5-10 minutinhos e depois "capotam" de sono... rsrs!

A Nicole era assim, mas eu fazia o possível para mantê-la acordada até mamar o suficiente. E depois tentava mantê-la acordada por mais um tempinho para fazer a digestão antes de dormir. É como nós adultos, quando comemos muito logo antes de dormir não acordamos meio azedos? Por que seria diferente com bebês?? Aliás, com eles deve ser até pior porque seu sistema digestivo ainda não está maduro, os intestinos estão aprendendo a funcionar (por isso eles sofrem para fazer coco, têm gases, algumas vezes refluxo, etc.). Não é de se admirar que as cólicas sejam agravadas quando o bebê SEMPRE dorme com o estômago cheio.

Em suma, quando o bebê chora é preciso confortá-lo com o tipo de conforto necessário (e não sempre com o peito). Não se pode interpretar todo choro como fome. Lembre-se que bebês choram e essa é a principal forma de comunicação deles. Como mães precisamos observar o nosso bebê e aprender a reconhecer seus diferentes tipos de choro! No começo é difícil, mas com o passar do tempo vamos entendendo as diferentes necessidades que ele está tentando nos comunicar.

Aqui vai o que eu considero o maior benefício da AOP (alimentação orientada pelos pais): ter uma rotina estruturada de alimentação e sono facilitará muito a sua vida e a dele!! Você não precisará ficar advinhando o que ele tem, por eliminação e bom senso você saberá se ele mamou o suficiente, dormiu o suficiente, precisa ser trocado, etc.

Eu acredito que você precisa ter um plano para 24 hs. Não é o seu bebê quem irá determinar a hora de dormir, a hora de comer ou a hora de ficar acordado. Isso cabe a você. Você é o pai, você é o responsável. É você quem precisa orientar seu filho e fixar os padrões de sono e alimentação!!

Nos primeiros 2-3 meses, um intervalo saudável entre o fim de uma mamada e o início da próxima é 2 a 2 horas e meia, ou seja, a rotina deve ser organizada em ciclos de 3 horas. Seu bebê mamará aprox. 8x por dia nas primeiras 8 semanas (depois disso o nº. cai para em torno de 6 mamadas). Uma orientação é dar mamadas robustas ao final do dia (que é geralmente quando o suprimento do leite materno está mais baixo), isso significa encurtar o intervalo entre as mamadas. A última mamada do dia é a mamada dos sonhos (nunca depois das 23:00), em que a mãe deve fazer o possível para não acordar o bebê (amamentá-lo dormindo).

Uma das dicas mais valiosas que recebi quando estava estabelecendo a rotina da Nicole foi a de fixar um horário padrão para iniciar o dia (1a mamada) e montar a agenda a partir disso.

Veja um exemplo em que você o acorda pela manhã às 6:00 e ele vai pra cama à noite às 20:00. Os horários das mamadas ficariam mais ou menos assim:
Mamadas durante o dia == > 6:00 - 9:00 - 12:00 - 15:00 - 17:00 - 19:00
Mamada dos sonhos == > aprox. 22:00
Mamada da madrugada == > o horário em que o bebê acordar (cada vez vai esticando mais)

Como já disse, no início a orientação é se esforçar para manter o bebê acordado até o final de cada mamada. Eu sei que é difícil porque eles mamam um pouquinho e já dormem no peito, mas não deixe seu bebê fazer isso! Outra observação é que talvez seja necessário acordá-lo para os horários das mamadas durante o dia (faça isso), mas NÃO é indicado fazê-lo durante a noite. Não acorde-o para a mamada da madrugada uma vez que o objetivo é estabilizar os ciclos noturnos de sono!!

O Nana Nenê afirma que entre o 10o dia e a 8a semana de vida o bebê já deve estar dormindo regularmente entre 7-8 hs ininterruptas à noite. Parece sonho?! Pra mim e para tantas outras mães que seguiram os princípios do Nana Nenê não é sonho não, é realidade - doce e palpável!!

Para eliminar a mamada da madrugada, continue acordando seu bebê no mesmo horário pela manhã, independente do horário em que ele acordou para mamar de madrugada. Se você notar que ele está mamando bem pouco na mamada da madrugada, então pode ser que ele não precise mais dessa mamada e que esteja acordando por hábito. Se for o caso, em vez de amamentá-lo você pode fazer o teste usando uma chupeta ou ajudando-o a se acalmar para ele voltar a dormir sem precisar comer.

Beijos e até a próxima!

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Vale a pena ter um cercadinho?

Acredito que seja consenso geral que a resposta é "Sim, vale a pena ter um cercadinho em casa!". Contudo, ao contrário do que eu imaginava antes de conhecer o Nana Nenê, o cercadinho não serve apenas para conter bebês que acabam de descobrir que são capazes de se locomover sozinhos (e que querem fazer isso o tempo todo, naturalmente deixando a mamãe maluca... rs!).

Sim, o cercadinho é útil por ser um ambiente seguro para o bebê ficar por algum tempo enquanto a mãe atarefada cuida de seus outros afazeres. Porém a sua utilidade não pára por aí! Se usado sabiamente, o cercadinho proporciona uma série de outros benefícios que eu desconhecia!!

O principal deles é a excelente oportunidade que ele oferece de um aprendizado estruturado (aprendizado resultante de planejamento, não do acaso). Os autores de Além do Nana Nenê explicam que períodos diários planejados para o bebê brincar sozinho no cercadinho (ou no quarto, quando ele for mais velho, após 18 meses) possibilitam à criança o desenvolvimento de sua capacidade mental de CONCENTRAÇÃO, CRIATIVIDADE e ORGANIZAÇÃO - todas elas capacidades importantíssimas e que queremos para os nossos filhos, não é mesmo?

Abaixo destaco três dicas básicas sobre como e quando usar o cercadinho com o seu bebê:
  1. Se possível, planeje para seu bebê brincar sozinho nos mesmos horários todos os dias, de preferência quando ele está descansado e alerta, não antes da soneca.
  2. Mude o cercadinho de lugar de vez em quando; ele deve ficar num local onde você possa supervisionar a criança facilmente sem que ela possa vê-lo (para não se distrair).
  3. Faça um rodízio dos brinquedos apropriados para a idade do seu filho e lembre-se que, ao final do período de brincar sozinho, os brinquedos precisarão ser guardados; oriente e ajude seu filho na arrumação.
Comecei a usar o cercadinho com a Nicole desde os seus 2 meses de idade, muito antes dela ser capaz de rolar, sentar ou se locomover, e posso dizer por experiência que os resultados são realmente surpreendentes. Primeiro porque eu não sou sua única fonte de entretenimento. Isso significa que ela não depende de mim para brincar (apesar de também termos os nossos momentos diários de brincar juntas!). Esse é um dos primeiros sinais de que ela está passando da dependência para a independência. Segundo porque a segurança dela é baseada na nossa relação, não na nossa proximidade. Em outras palavras, ela fica bem mesmo quando eu não estou fisicamente presente, o que facilita na interação dela com outras pessoas. Por fim, minha filha não precisa de colo o tempo todo, o que eu considero extremamente valioso. Nos períodos planejados para ela brincar sozinha, coloco-a no seu cantinho e posso realizar outras atividades tranquila.

Mas quanto tempo é o suficiente para esses períodos? Depende da idade de cada bebê.

Veja abaixo os tempos sugeridos pelos autores:
Nos primeiros meses == > de 10 a 20 min / 2 x por dia.
Quando sentar-se sozinho == > 15 a 30 min / 2 x por dia.
Quando começar a engatinhar == > 30 a 45 min / 1 x ao dia.
Entre 15 a 20 meses == > até 1 hora

O ideal é que as atividades realizadas pelo bebê enquanto está acordado sejam programadas e não apenas uma série de experiências livres entre as refeições e as sonecas. Claro que isso não será possível em 100% do tempo, mas vale lembrar que é nesse ponto que a maternidade proativa se diferencia da passiva. Pra finalizar, gostaria de ressaltar o alerta que se encontra na página 77 do livro Além do Nana Nenê: "Não use o cercadinho excessivamente, deixando seu bebê nele por longos períodos não planejados durante o dia".